
Muitas vezes não são as crenças ou os atos de adoração dos muçulmanos que atraem os comentários de outros membros da sociedade, mas mais precisamente, certos aspectos da vida cotidiana que parecem intrigantes ou “diferentes”. Mal-entendidos com base na ignorância podem levar a um sentimento de descontentamento ou preconceito entre pessoas de diferentes etnias ou religiões em qualquer comunidade.
No entanto, apesar de algumas diferenças no estilo de vida, o Islam e a sociedade ocidental não estão inerentemente em desacordo: os primeiros britânicos se converteram ao Islam, logo no século XII através do contato feito nas viagens, no comercio e estudos. O primeiro muçulmano convertido conhecido foi o Cavaleiro Robert de St.Albans em ll85: converteram posteriormente lordes, cônsules, professores, universitários e teólogos, navegantes e funcionários públicos.
Em l889, o inglês Abdullah (William) Quilliam estabeleceu o primeiro Instituto Islâmico e mesquita em Liverpool, bem como debates sociais e uma revista; 150 pessoas da localidade abraçaram o Islam através dos seus esforços. Hoje, um número estimado de 10.000 nativos (brancos) entre homens e mulheres britânicos adotaram a fé islâmica, muitas vezes, praticando a sua nova religião com um toque distintamente britânico.
Juntamente com seus irmãos (minoria étnica) muçulmanos, eles compreendem 3% da população do Reino Unido.Quais as áreas da vida que são diferentes entre um britânico e um muçulmano praticante de qualquer nacionalidade e por quê?
Embora os muçulmanos normalmente se alimentem de todos os tipos de comida, alguns tipos são proibidos – especialmente a carne do porco, que é considerada impura. Outros animais (exceto os peixes) devem ser sacrificados em nome de Deus, a fim de torná-los halal, com um único corte rápido na veia jugular, a fim de causar o mínimo de sofrimento ao animal e o sangue deve ser completamente drenado posteriormente. Sempre que a carne halal não estiver disponível, muitos muçulmanos optam pela alimentação vegetariana. O Alcorão, também, permite a carne kosher.
Alguns crentes, cuidadosamente, evitam alimentos que contenham gorduras, aditivos ou conservantes (Número E) de origem animal não identificado.
O Profeta enfatizou a necessidade de mostrar gratidão pela comida dizendo uma breve suplica no inicio e no final da refeição, evitando a gula e o desperdício, não fazer criticas sobre a comida, comer juntos sempre que possível, e não comer nada que tenha sido obtido ilicitamente ou ilegalmente, como por exemplo: com o dinheiro ganho a partir de fontes imorais.O álcool e as drogas
O álcool e outros intoxicantes não são permitidos no Islam; que incluem qualquer substancia que faz perder a lucidez, causa danos à saúde e ou vicia. Alguns sábios incluem cigarros, nesta categoria, especialmente para aqueles que ainda não começaram a fumar. O Profeta ensinou que a proibição dos intoxicantes também se aplica a produção, distribuição, venda e oferecimento.
Isso pode apresentar desafios para o muçulmano praticante que vive em uma sociedade, onde, tudo, desde negócios e ate passeios em família, tradicionalmente, incluem álcool ou são realizados em um pub.
Os muçulmanos que se abstém podem sentir-se relutantes em aparecer em publico na companhia de outras pessoas que estejam bebendo, para não dar a impressão de que estão participando. Alguns muçulmanos servem espumantes não-alcóolicos como um substituto, quando celebram ocasiões especiais ou para entreter os amigos.
Muçulmanos atentos não sentem que a proibição contra o álcool e as drogas é uma restrição indevida ou inconveniente, já que existem muitas maneiras positivas para divertir-se que não trazem com elas a confusão, despesa, perda do controle e outros efeitos colaterais sem mencionar o crime e problemas associados à embriaguez e o uso das drogas.Perspectivas islâmicas sobre o entretenimento
A vida moderna está cada vez mais centrada na chamada “necessidade de ser entretido” (em grande parte impulsionada por interesses comerciais), em vez de entreter-se ou aproveitar o tempo livre em atividades úteis. A música é ouvida ao invés de cantada, esportes são assistidos e não jogados, artesanatos são admirados e não feitos. Alem disso, as pessoas estão desperdiçando muito mais tempo ocupadas com atividades virtuais, em vez de envolver-se com a vida real. Obesidade e problemas de saúde estão em ascensão; crianças sofrendo de distúrbio de atenção como resultado da longa permanência diante da televisão e, assim, nos tornando uma nação de “couch potatoes”: um estilo de vida desequilibrado.
Embora o Islam permita diversão sadia, é aconselhado aos muçulmanos buscar o equilíbrio e fazer o melhor uso do seu tempo, considerando que trará benefícios duradouros, ao invés de prazeres momentâneos.
O Profeta Mohammadr disse: “Há duas bênçãos que muitas pessoas não tiram o máximo proveito: boa saúde e tempo livre”. Voluntariado por uma causa nobre, fazer uma caminhada em ambientes naturais ou ler um livro traz mais alegria e satisfação do que passar a mesma quantidade de tempo sendo “entretido”.
Quando os muçulmanos patrocinam as artes, entretenimento ou indústrias de esportes são aconselhados a não olhar, escutar ou apoiar financeiramente as coisas que são imorais e/ou proibidas pela religião, como nudez, violência desnecessária e linguagem obscena. Isto inclui evitar roupas que expõe ou atraem a atenção para o corpo, obras que retratam realisticamente ou idolatram seres vivos, especialmente, a escultura humana ou de ídolos, e musica acompanhada de outros instrumentos que não sejam de percussão e padeiro (embora alguns estudiosos permitam a musica instrumental religiosa). Idolatrar esportes ou ídolos do entretenimento, também, é inconsistente com os ensinamentos islâmicos; Deus é a fonte de todo o poder e capacidade e o exibicionismo é desencorajado.Formas alternativas de arte e entretenimento
Os que os muçulmanos fazem ao invés disso?
Culturas muçulmanas em todo o mundo desenvolveram suas próprias formas de arte, entretenimento e lazer, desde narrar historias, dança da espada, arco e flecha e silat (uma forma de arte marcial) caligrafia, artesanato e canto.
Mais recentemente, novas culturas de rap, hip-hop, nashids (canções) e outras “músicas mundiais”, jogos estilo olímpico-islâmico para as mulheres, arte islâmica contemporânea, moda e outras formas criativas de fusão entre o oriente e o ocidente tem surgido entre os jovens muçulmanos, fornecendo uma opção estimulante evitando assim a possibilidade de um conflito com as normas e valores islâmicos.Ética financeira
É esperado dos muçulmanos ganhar, gastar e investir o seu dinheiro de forma ética. Isto significa, primeiramente, evitar uma renda da venda do álcool, drogas, pornografia, jogos ou as indústrias do seguro e bancos modernos e, em segundo lugar, investir em empresas que beneficiam a comunidade e a sociedade.
Alguns muçulmanos se recusam a investir em programas que exploram as pessoas pobres ou o meio-ambiente, lucro do comercio de armas, ou fazer da mesma forma ganhos imorais; outros fazem questão de comprar um comercio justo e orgânico ou produção plantada localmente.Juros e suas alternativas
As pessoas, muitas vezes, se surpreendem ao saber que os muçulmanos não são autorizados a ganhar ou a pagar juros sobre o dinheiro. Isto porque o juro é considerado como uma transação injusta onde os ricos se tornam mais ricos em detrimento dos pobres. Uma alternativa de investimento islâmico é o investidor arriscar o seu capital e compartilhar o lucro em uma base percentual com o empresário ou o trabalhador. Alternativas semelhantes existem para a compra de imóveis.
Essa ênfase na ética financeira, muitas vezes, apresenta desafios consideráveis, mas o clima está mudando lentamente: grandes bancos já oferecem contas correntes e hipotecas islâmicas; éticas carteiras de investimento estão se tornando mais comuns; mais lojas estão oferecendo opções de pagamento livres de juros; cartões de debito e cartões com valor armazenado (charge cards) oferecem uma alternativa de juros baseada nos cartões de credito.
Alem disso, os muçulmanos devem evitar a extravagância, o exibicionismo ou o consumismo cego e doar o que puderem alem do Zakat obrigatório para a caridade.Jogos de azar, seguro e loteria
Os muçulmanos devem evitar riscos excessivos e irresponsáveis com o seu dinheiro, incluindo investimentos de alto-risco. Todas as formas de jogos de azar são proibidas, incluindo loterias e bilhetes de rifa. Apesar de que uma percentagem do dinheiro da loteria é, muitas vezes, doado para as instituições de caridade e boas causas, os muçulmanos acreditam que Deus só vai contar como uma ação de caridade se for dada sem pensar em benefício pessoal.
Da mesma forma, jogos que operam exclusivamente ao acaso, como, jogos de tabuleiro, cartas e outros jogos viciantes ou violentos são desencorajados. O seguro é proibido exceto se exigido por lei. Alguns sábios, também, abrem exceções para o seguro saúde em países onde o tratamento médico é caro, e se não tê-lo pode levar a dificuldades extremas. Em casos menores (como seguro residencial, etc.), os crentes são convidados a “confiar em Deus, mas amarre o seu camelo”, tomando precauções razoáveis e aceitando reviravoltas da fortuna como parte dos testes da vida. E espera-se que as famílias e a comunidade ajudem os membros que caírem em dificuldades.Relações entre os sexos
Este aspecto de um estilo de vida islâmica é talvez o mais difícil para os ocidentais compreenderem. A vida familiar é a base da sociedade muçulmana e o Islam adota uma postura intransigente contra as relações sexuais fora do casamento.
Em contraste com os muitos benefícios das uniões estáveis e tendo em conta a dor causada por casos extraconjugais, o trauma emocional de ser “usado” e posteriormente “dumping” por um parceiro, estupro, gravidez indesejada e abortos, doenças sexualmente transmissíveis, doenças relacionadas com a infertilidade e calamidades similares. Os muçulmanos acreditam que a castidade antes do casamento e a fidelidade durante o casamento é o melhor caminho, e que a prevenção é o melhor remédio.
Em graus diferentes dependendo da cultura, os homens e mulheres muçulmanos vivem e interagem em distintos mundos sociais desenvolvendo uma amizade com membros do mesmo sexo, mas mantendo uma respeitosa distancia das pessoas do sexo oposto que não fazem parte da sua família.
Já que os muçulmanos tendem a viver em casa até se casarem e são encorajados a casar jovens, e uma vez que a maioria dos muçulmanos tem parentes de ambos os sexos que regularmente se socializam uns com os outros, esta decisão não é geralmente vista como restritiva. Pelo contrario, é considerada como uma questão vital de honra e auto-respeito.Os benefícios de esperar até o casamento
Numa época em que relações sexuais com uma série de parceiros e viver juntos antes do casamento tornaram-se uma norma para muitos jovens e pessoas acreditam que é necessário “experimentar” um parceiro antes do casamento, o conceito de castidade pode parecer impossível ou antiquado ou simplesmente inexeqüível.
Entretanto, muitos jovens muçulmanos conseguem, com sucesso, manter este elevado padrão de comportamento e colhem os seus benefícios: não ter a “obrigação social” de um namorado ou namorada permite uma melhor concentração nos estudos. Não desenvolver o hábito de sucessivos parceiros significa que você fica menos susceptível de divorciarem-se quando as coisas vão mal; não ter sofrido a experiência de ser “descartado” permite confiar e amar de uma forma mais completa; sem uma experiência sexual anterior significa que não vai comparar um cônjuge (ou ser comparado) com ex-amantes; e pode-se viver sem algumas das preocupações e lamentações que afligem as pessoas hoje em dia, tais como: doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada.
As mulheres, em particular, se beneficiam em saber que os homens que demonstram interesse por elas não estão falando apenas para impressionar. Antes de apreciar os benefícios de um relacionamento os homens devem primeiro demonstrar a sua seriedade, compromisso, disposição e poder prover a subsistência dos futuros filhos do casamento.Evitar ficar sozinha com o sexo oposto
Tendo em conta o comentário do amado Profetar que, quando um homem e uma mulher ficam a sós, satanás é o terceiro. É ensinado para a muçulmana não ficar sozinha sem um acompanhante, com um membro do sexo oposto não aparentado, seja em casa, na escola, trabalho ou fora em uma área deserta.
Esta regra simples evita muitos problemas, inclusive fofocas desnecessárias e socialmente destrutivas. Em nossa era “virtual” não ficar a sós, também, inclui a adoção de uma abordagem cautelosa ao conversar online, mandar mensagem de texto, enviar emails ou outros meios de comunicação eletrônica. As mulheres e meninas muçulmanas são alertadas à não viajar sozinhas por razões de segurança.O contato dia-a-dia entre homens e mulheres
O Islam restringe o contato físico entre pessoas não aparentadas do sexo oposto e muitos muçulmanos se abstêm de cumprimentar apertando as mãos ou outros comportamentos considerados inocentes em outras culturas como abraços amigáveis ou beijos na bochecha. Um gesto de colocar as mãos sobre o coração serve como um substituto. Devotos e ou muçulmanos tímidos podem abaixar o olhar como recomendado no Alcorão ao falar com membros do sexo oposto, a fim de evitar a paquera ou olhar as partes do corpo expostas.
No entanto, discussões educadas e sérias entre homens e mulheres dentro de um contexto de trabalho, estudo ou compra e venda são perfeitamente aceitáveis. Os muçulmanos, também, podem ser vistos e tratados por médicos do sexo oposto, se necessário. Cautela religiosa não deve ser confundida com ciúme excessivo nem suspeita.Vestimenta modesta para homens e mulheres
Outro aspecto de estratégia islâmica para prevenção do adultério é a adoção de modestas vestimentas para os homens e as mulheres em público, com o objetivo de reduzir a tentação.
O Alcorão aconselha os homens e as mulheres a se vestirem com modéstia e dignidade; a norma é para ambos os sexos cobrirem o corpo e os membros com roupas que não sejam justas, transparentes ou que atraiam a atenção. As mulheres, também, devem cobrir o cabelo e vestir uma capa longa, quando fora de casa;
Embora homens que trabalham como operários apenas precisam cobrir-se entre o umbigo e os joelhos, os homens muçulmanos mais tradicionalistas também usam turbantes e camisões longos e soltos para que as diferenças entre a vestimenta dos homens e das mulheres não fosse tão grande.
Hoje a maioria dos homens muçulmanos e algumas mulheres reservam uma vestimenta para a oração, para ir à mesquita e para ocasiões especiais, enquanto adotam vestimentas mais ocidentalizadas para o trabalho e cotidiano.
Um traje mais descontraído porem modesto aplica-se na privacidade do seu lar.A questão do véu
Aproximadamente metade das mulheres e meninas muçulmanas observa as palavras do Alcorão de cobrir suas cabeças e os cabelos, quando em publico, enquanto outras não. A questão do véu tem sido freqüentemente incompreendida pelos políticos, pelas feministas e pela mídia. Não é um símbolo do Islam político ou de imposição masculina, não impede a aprendizagem ou a sua realização e não é um perigo para a saúde. É uma maneira sim das mulheres realizarem as suas funções na sociedade na companhia dos homens preservando a dignidade. As mulheres, que apropriadamente cobrem as suas cabeças, fazem-no apesar de serem alvo de discriminação na escola, no trabalho, bem como abuso verbal e por vezes físico.
Para estas mulheres e meninas é uma expressão da sua identidade e obediência para com Deus, bem como, uma questão de escolha pessoal e direitos humanos.
Algumas mulheres cobrem os rostos também ao sair.
Estudiosos discordam se isto é necessário ou desejável, mas as mulheres que o fazem estão seguindo uma valida escola de pensamento islâmico e um direito as suas convicções.
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