domingo, 26 de setembro de 2010

Muçulmanos do Brasil



O país pentacampeão mundial de futebol abriga uma comunidade de aproximadamente 2 milhões de muçulmanos. Eles estão espalhados em todo o Brasil; não existe uma cidade no território brasileiro que não possua pelo menos uma família ou indivíduo muçulmano. Mas, a maior concentração está especialmente em São Paulo e na Grande São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Foz de Iguaçu e Curitiba. Grande parte é de origem e descendência árabes, procedentes do Líbano, Síria e Palestina. Somam-se a eles muitos convertidos brasileiros Em todo país existem mais de 100 mesquitas e salas de oração. Na capital paulista há cinco mesquitas, incluindo o principal templo islâmico brasileiro e o primeiro do continente americano, a Mesquita Brasil, que começou a ser erguida em 1929. Outras mesquitas importantes são as de Curitiba, Santos, Rio de Janeiro, Jundiaí, Cuiabá, Campo Grande, Recife, Guarulhos, São Bernardo do Campo, Paranaguá, Barretos, Londrina e Maringá.
É quase impossível precisarmos acerca dos muçulmanos brasileiros. Há convertidos emigrantes, profissionais liberais, empresários, trabalhadores em diversas áreas de produção; todos dando sua contribuição para o futuro do Brasil. Essa comunidade complexa está unificada por uma rede nacional de mesquitas. Os muçulmanos chegaram muito cedo ao Brasil. Juntamente com Cabral chegaram Chuhabiddin Bin Májid e o navegador Mussa Bin Sáte. Ouando do tráfico de escravos, no século dezoito, muitos milhares de muçulmanos africanos (hausas, fulanis, yorubás) trabalharam como escravos nas plantações. Essas primeiras comunidades, privadas de suas heranças e famílias, inevitavelmente perdiam sua identidade islâmica à em medida que o tempo passava. Hoje, alguns muçulmanos afro-brasileiros desempenham um importante papel na comunidade islâmica brasileira. O início do século vinte, porém, presenciou o começo de um influxo d árabes muçulmanos, a maioria dos quais se instalou nos maiores centros industriais. A primeira Mesquita foi inaugurada em 1956 em São Paulo; outras foram sendo construídas, e hoje há mesquitas em todas as grandes capitais dos estados e em algumas cidades do interior.


Muçulmanos nas senzalas Num contexto histórico e espiritual as senzalas tornaram-se, por força da situação, as primeiras mesquitas em território brasileiro. A devoção total dos muçulmanos, proibida pelos donos de escravos, acompanhou, com o passar do tempo, a transformação da cultura islâmica em seitas. Através da Umbanda e do Candomblé, muitos escravos passaram a exercer a fé do Islã. A partir de meados dos séculos 18 e 19, escravos negros e muçulmanos, oriundos do norte da África, chegam ao Brasil. Para muitos destes, os portugueses usavam um tipo especial de captura pacífica. Utilizavam a religião para convencer os africanos a embarcar. Diziam que iriam até Meca e aprisionavam os fiéis que neles acreditavam. No norte da África, até hoje existe um porto marítimo que é chamado de Porto da Peregrinação, em alusão a estes acontecimentos. Em 1833 eles se insurgiram, em Salvador, Bahia, contra a escravidão - no Islamismo um homem nunca pode ser escravo de outro -, em episódio que ficou conhecido como Revolta dos Malês. Depois disso, segundo alguns historiadores, escravos muçulmanos nunca mais foram embarcados para o País. Essas primeiras comunidades, privadas de sua herança e família, inevitavelmente perdiam sua identidade islâmica à medida que o tempo passava. Porém, hoje muitos muçulmanos afro-brasileiros resgataram a religião e desempenham um importante papel na Comunidade muçulmana brasileira.

Muçulmanos descobrem a América
A participação dos muçulmanos no Brasil não se remota apenas à organização das primeiras comunidades deste século 19 ou com a escravidão. Ela é muito mais antiga. Todos sabem que a história brasileira começa na Península Ibérica, há mais de 500 anos, durante o expansionismo marítimo dos portugueses, movido pelo descobrimento de novas terras, uma das quais o Brasil. Os árabes muçulmanos exerciam um papel importante com a contribuição de sistemas de navegação mais eficazes para as embarcações ibéricas. A Escola de Sagres, em Portugal, uma das mais importantes escolas de navegação daquele tempo, possuía vários professores árabes muçulmanos que inovaram e alteraram os preceitos da navegação mundial. Juntamente com Cristóvão Colombo, chegaram Luís de Torres - muçulmano obrigado a converter-se ao cristianismo devido à Santa Inquisição - e o navegador Mussa Ben Sate. Eles foram os "primeiros" muçulmanos a pisarem em território americano. A função de Luís de Torres, que falava árabe fluentemente, era bastante singular: auxiliar os portugueses na comunicação com os índios, já que na "Índia" grande parte da população era muçulmana e se familiarizava com o idioma árabe. Saber se os colonizadores tiveram muito êxito nesta tentativa é desnecessário. Há ainda historiadores e cronistas árabes que dizem que foi a população muçulmana amante do mar - oriundos da região africana -, quem primeiro descobriu o caminho das Américas, especialmente o Brasil, aventurando-se pelos oceanos. Os primeiros europeus que ali chegaram (às Américas), com Cristóvão Colombo e seus sucessores, encontraram já radicadas populações negras. Apesar da falta de documentos históricos, tudo indica que foram os muçulmanos da África Negra e os Berberes que participaram da colonização da América, como sugere o próprio nome Brasil. Biralah é o nome de uma bem conhecida tribo Berbere, e o nome coletivo desta tribo é exatamente Brasil. Além disso, a ilha de Palma, no Atlântico, chamava-se antes Bene Hoare, tal e qual o nome de outra tribo Berbere, os Beni Huwara, o que reforça ainda mais essa tese.


Redescobrindo o Brasil
A Comunidade vem se organizando cada vez mais, atualmente ela engloba vários colégios, hospitais, clubes, entidades beneficentes, sociais e culturais. Ainda dispõe de pequenos meios de comunicação: programas de rádio, jornais e revistas bilíngües (árabe-português); assim como diversos livros e materiais didáticos com o intuito de divulgar a religião e os trabalhos desta sociedade. Não é possível generalizar os muçulmanos no Brasil. Eles atuam em diversas áreas: profissionais liberais, empresários, juizes, promotores, servidores públicos em geral e até mesmo na política.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Direito das Crianças









O Islam orienta os muçulmanos em todos os aspectos da vida portanto não seria diferente em relação à educação dos filhos. Para garantir à criança uma série de direitos, o Islam instrui os muçulmanos a observar uma atitude correta mesmo antes de seu nascimento.

Quando pais muçulmanos são abençoados com o nascimento de uma criança, o primeiro procedimento é lhe dar um banho e vesti-la. Depois disso a mensagem da Unicidade de Deus e da profecia de Muhammad (SAAS) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) deve alcançá-la através da repetição do "Adhan" ( a chamada para a oração no Islam) em seu ouvido direito.

Além disso, existem alguns direitos básicos da criança que são estabelecidos no Islam e que serão apresentados aqui com uma breve discussão das implicações de sua não-observância e os seus reflexos na sociedade, seja ela islâmica ou não.
Estes direitos são:

Al Ta'am - Alimentação: os pais têm o dever de alimentar seus filhos. Durante a gravidez a mãe deve observar cuidadosamente os alimentos e substâncias que ingere e que possam prejudicar o bebê. Este é um direito do feto. Após o nascimento é obrigatório para a mãe muçulmana amamentar seu bebê até os 2 anos de idade. Além da alimentação em si, laços de afeição entre a mãe e o bebê são fortalecidos.

A criança não deve ser privada destes benefícios e apenas nos casos em que a mãe não consegue amamentar o bebê deve-se recorrer a alimentos industrializados. Neste caso deve-se cuidar para que apenas ingredientes permitidos no Islam estejam contidos nestes alimentos. Segundo um "hadith" do Profeta Muhammad (SAAS) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele):

"É pecado suficiente para uma pessoa não cuidar daqueles cuja alimentação é sua responsabilidade".

Al Himayah - Proteção: é obrigação dos pais proteger seus filhos do perigo e de conceitos e idéias negativas que possam afetar seu caráter ou personalidade, veiculados através de televisão, influência na escola, nas ruas ou outro meio qualquer.

Al Tilbaba - Medicação: os pais devem se assegurar de que é dada à criança a medicação correta para protegê-los de doenças e cuidar corretamente de seus filhos quando eles estiverem doentes.

Al Malbas - Vestimenta: a criança tem direito a receber roupas adequadas à sua idade e ao seu sexo e que também sejam adequadas à estação do ano.

Al Nasab - Linhagem: a criança tem direito de saber quem são seus pais e de ser reconhecida por eles. Como consequência deste direito decorrem uma série de injunções islâmicas que são com frequência mal-interpretadas por não-muçulmanos e que merecem ser explicadas.

É em parte para garantir este direito que o Islam permite a poligamia (o homem ter mais de uma esposa), mas não a poliandria (a mulher ter mais de um marido). No caso da poligamia não há dúvidas quanto a paternidade da criança, o que não ocorre com a poliandria. Em alguns textos feministas a restrição à poliandria é apresentada como uma garantia dada ao homem da legitimidade de sua descendência, sem considerar os direitos da criança em saber quem é seu verdadeiro pai.

Pela mesma razão o Islam proíbe a adoção legal, que concede à criança o nome de seus pais adotivos tornando-a um descendente legítimo. No Islam é permitida a guarda legal e a criança pode receber herança de seus pais adotivos em forma de doação, mas não é considerada legalmente um descendente de seus pais adotivos. Este fato não impede que os guardiães legais amem e cuidem da criança com o amor que dedicariam a um filho verdadeiro, mas evita que a criança acredite pertencer à uma família que na realidade não é a sua, perdendo completamente suas raízes e origens.

Também deste direito da criança decorre uma obrigação islâmica que freqüentemente é vista como um simples tabu ou forma de repressão sexual : a proibição de relações sexuais fora do casamento, para muçulmanos e muçulmanas. É desnecessário enumerar aqui todos os problemas psicológicos e discriminações sofridos pela criança que não conhece o pai ou a mãe ou a ambos. Embora técnicas modernas permitam identificar com boa margem de segurança a paternidade de uma criança, ainda não foi possível desenvolver uma "técnica" que faça o pai amar o filho reconhecido nestas circunstâncias.

Al Diin - Religião: ao chegar aos 7 anos de idade, que é chamada no Islam de "idade de Tamiz" ou idade da distinção ou discernimento, a criança muçulmana deve ser ensinada a fazer suas orações, que caluniar alguém é "haram" (ilícito), e outros ensinamentos básicos da religião.

Al Isim - Nome: é um direito da criança receber um nome islâmico adequado, preferencialmente até o sétimo dia de vida. A escolha de um bom nome deve ser feita com a "nyia" (intenção) de que a criança seja abençoada com as bênçãos relacionadas ao nome.

É proibido escolher nomes vinculados a "shirk" (idolatria), que vinculem o prefixo "Abd", que significa "servo de" a outros nomes que não sejam os nomes e atributos de Deus e também adotar nomes pomposos ou que indiquem uma auto-glorificação.

Da mesma forma não se deve adotar um nome composto de um nome islâmico, que é em geral em árabe, associado ao nome de um personagem de novela ou jogador de futebol favorito, por exemplo.

No caso de muçulmanos que não vivem em países de língua árabe ou que não falem bem o árabe, é recomendável a escolha de um nome de pronúncia fácil, para evitar que o nome da criança seja fonte de brincadeiras ou seja, mesmo sem intenção, pronunciado erroneamente inclusive pelos próprios pais. Adotar apelidos derivados destes nomes não é recomendável, porque o apelido não conserva o significado original do nome escolhido.

Al Umm - Escolha de bons pais: o muçulmano e a muçulmana devem escolher bons parceiros para o casamento. O propósito do casamento é definido no Islam não só como prazer e procriação, portanto a escolha de um(a) parceiro(a) que seja religioso(a) é essencial. Um "hadith" do Profeta Muhammad (SAAS) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) narrado por Aicha diz:

"Escolha a mãe para seus filhos e case com uma boa mulher."

Em outro "hadith" o Profeta Muhammad (SAAS ) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) diz:

"As pessoas se casam por 4 razões: riqueza, origem, beleza e religião. Case pela religião e seus filhos estarão salvos."

Al Tazweej - Casamento: os pais devem se certificar que seus filhos se casem com pessoas religiosas e portanto não devem recusar ou oferecer obstáculos para o casamento de seus filhos sem razão. O Profeta Muhammad (SAAS) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) disse:

"Se um homem religioso vier até você para casar com sua filha deixe-os casar, de outra forma haverá corrupção."

É direito da criança ser educada dentro da maneira islâmica e que lhe sejam ensinadas boas maneiras. Educação e gentileza são parte da fé e estes conceitos devem ser passados para a criança ao longo de sua educação. E acima de tudo é direito da criança ser tratada com carinho e amor.

O mesmo se aplica às muçulmanas na escolha de seu futuro marido.

É importante lembrar do desagrado do Profeta Muhammad (SAAS) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) ao saber que Al-Aqra ibn Habis nunca havia beijado nenhum de seus filhos. Ao ouvir esta afirmação o Profeta Muhammad (SAAS) (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) lhe disse:

"Você não tem nenhuma misericórdia ou ternura. Aqueles que não tem misericórdia, não terão a misericórdia de Deus."


domingo, 19 de setembro de 2010

O Significado do Islam


Todas as religiões do mundo tomaram o nome do seu fundador ou da comunidade e nação na qual essa religião surgiu. Por exemplo, o Cristianismo foi buscar a sua denominação ao Profeta Jesus Cristo (que a Paz esteja com ele), o Budismo ao Seu fundador, Glautama Buda, o Zoroastrianismo ao seu fundador Zoroastro, e o Judaísmo, a religião dos Judeus, do nome da tribo de Judá (do país da Judéia), onde nasceu.

Semelhante é o caso de outras religiões, mas tal não aconteceu com o Islam, esta religião goza da peculiaridade de não ter qualquer associação com uma determinada pessoa ou povo. A palavra Islam não transporta em si qualquer relação, porque não pertence a uma pessoa, a um povo, ou a um país em especial.

Nem é o produto de uma mente humana, nem está confinada a uma determinada comunidade, é uma religião universal e o seu objetivo é criar e cultivar no homem a qualidade e comportamento do Islam. A isto impõe-se automaticamente a questão: o que significa Islam? E quem é o Muçulmano?

O Islam e o Muçulmano

O Islam é uma palavra árabe e implica submissão, entrega e obediência voluntária, o Islam significa completa submissão voluntária a Deus, outro significado literal da palavra Islam é Paz, e isto significa que só se pode encontrar a paz física e mental através da submissão e obediência voluntária a Deus o Altíssimo, tal vida e obediência traz paz ao coração e estabelece a verdadeira paz na sociedade em geral.

Todos podem observar que o universo onde vivemos é um universo normal, há uma ordem e uma lei entre as unidades que constituem este universo. A cada coisa está cedido um lugar num grande esquema, a qual trabalha de um modo magnífico e soberbo,o sol, a lua, as estrelas e todos os corpos celestes estão unidos entre si em um sistema esplêndido.

Seguem uma lei inalterável e não sofrem o mais pequeno desvio do seu curso ordenado, a Terra gira sobre o seu próprio eixo e no seu percurso à volta do Sol segue escrupulosamente o caminho para ela determinada.

Do mesmo modo, tudo no mundo, desde o pequeno elétron até a enorme nebulosa, seguem invariavelmente a sua própria lei. A matéria, a energia e a vida todas elas obedecem às suas leis e crescem, transformam-se, vivem e morrem de acordo com essas leis.

Mesmo no mundo humano as leis da natureza são bastante claras, o nascimento, o crescimento e vida do homem são todos regulados por um conjunto de leis biológicas. Em resumo, é um universo governado por leis prescritas e tudo nele segue seu curso que lhe foi ordenado.

Está lei poderosa que penetra e governa tudo o que constitui o universo, é a lei de Deus, o Criador e Regente do Universo. Muçulmano é todo aquele que se submete a Deus. de livre e espontânea vontade, um Muçulmano vive em paz e harmonia com toda a criação, por conseguinte, um Muçulmano é a pessoa que em qualquer parte do mundo faça com que toda a sua obediência, dedicação, e lealdade sejam exclusivamente para Deus o Senhor do Universo.